Jogador mais novo da equipe profissional do Cuiabá Arsenal, cornerback (CB) Wesley Jardim, 16, que também é o ‘caçula’ da Seleção Brasileira de Futebol Americano, está de malas prontas. Depois da vitória de 33 a 0 contra o Chile, o jogador ganhou uma bolsa de estudos na “Hargrave Military Academy” na Virginia, Estados Unidos. Ele embarca em duas semanas e terá a oportunidade de treinar junto a um time de futebol americano, além de concluir os estudos, já que está no terceiro ano do ensino médio. “Wesley será um atleta estudante, mas em primeiro lugar, um estudante”, explica o treinador Clayton Lovett.
A ascensão de Wesley foi uma das mais rápidas do FA no Brasil. O jogador entrou na equipe do Cuiabá Arsenal há menos de um ano, durante o try out de 2011. Mesmo muito jovem, ele rapidamente conquistou a confiança dos colegas de campo e dos treinadores. Humilde, pediu ajuda e trabalhou arduamente para conquistar espaço no time principal. “Entrei no time para jogar no sub-19, mas as marcas que consegui eram superiores inclusive ao pessoal do adulto e então fui chamado para o Arsenal”.
Wesley passou a temporada toda treinando todos os dias sozinho e quatro vezes na semana com o time. Histórias felizes e momentos difíceis não faltaram nesse período. Uma delas foi o jogo contra o Spartans. “Quando fui assinar para jogar e o arbitro olhou meu RG e viu que eu era menor de idade ele pediu a autorização dos meus pais e eu tinha esquecido. Sem ela não iria jogar, faltava uns 50 minutos pra iniciar o jogo eu fui correndo procurar uma lan house pra poder imprimir a autorização. Demorei! E quando cheguei o pessoal já estava se preparando pra entrar em campo. Foi um sufoco, mas deu tudo certo”.
Ele classifica a semifinal da conferência norte contra o Storm e a final contra o Fluminense como os momentos mais importantes até agora. Dos erros, Wesley não esquece do primeiro jogo em que atuou como CB. “Errei na marcação e levei um passe nas costas pra touchdown. É difícil até de lembrar”. Entre os momentos mais marcantes, esteve o amistoso contra o Chile. “Eu dei um “BIG HIT” que até eu fiquei sem ar, mas foi um ótimo lance”.
Entre os mestres da jornada junto ao Arsenal, estiveram o capitão da equipe, o outside linebackers Igor Mota, o americano Kenneth Joshen (KJ) e o Corner Back Phellippe Menegatti (Emo). “Eles tiveram um pouco mais de paciência pra me ensinar a minha posição específica. Mas no final, todos foram muito importantes”. Wesley conta que sempre teve o apoio do pai em todos os esportes que praticou, já a mãe ficava insegura em relação a fama do esporte ser violento. “Hoje – após conhecer o esporte – ela é a primeira a torcer por mim”.
Para o treinador, Wesley é o jogador perfeito para essa oportunidade. “Além de ter capacidade de liderança, ele é o tipo da pessoa que não tem medo de desafios e um grande aluno”. Entre os pontos fortes do atleta está o fato de ser autodidata e a capacidade de tomar iniciativa. “Ele é o tipo de garoto que vai aproveitar esta oportunidade e usá-la para ajudar os outros no futuro”.
Além de Wesley, o right tackle Ricardo Schultz Martins (19) também será um atleta estudante na St. Thomas More School in Connecticut, em agosto e setembro de 2012. O capitão da Seleção Brasileira, Igor Mota também recebeu um convite de uma equipe profissional nos EUA, mas ainda não tem data para deixar o país.
Para o técnico, mais do que uma formação em futebol americano, a experiência fora do país deve contribuir para o desenvolvimento de melhores homens por meio do esporte. “Não se trata apenas de vencer campeonatos e sim de agregar conhecimento a fim de desenvolver o jogo aqui. Esses jovens serão nossos futuros treinadores”. Os times brasileiros não querem mais buscar atletas em outro país, pois entendem que o FA nacional precisa ser feito por brasileiros. “Além disso, acreditamos que o futebol também é uma avenida de acesso as oportunidades educacionais”. A intenção dos técnicos e dirigentes é oportunizar novas experiências que além de crescimento humano possam garantir o futuro do esporte no país, “pois esses jovens vão voltar melhores e em poucos anos serão os grandes mestres que o FA precisa”.